Essa semana em ar e espaço: DART, Dragon, COSI e Hubble

DART abastecida e sendo preparada para o lançamento

DART sendo preparada para o lançamento na Base da Força Espacial Vandenberg, na Califórnia. Créditos: NASA / Johns Hopkins APL / Ed Whitman

A nave da missão DART (Double Asteroid Redirect Test) da NASA chegou às instalações da SpaceX na Base da Força Espacial Vandenberg (Califórnia) para ser preparada para o lançamento, atualmente marcado para 23 de novembro. A missão DART será a primeira tentativa de mudar a trajetória de um asteróide, o que seria necessário para evitar o impacto com a Terra de algum outro asteróide no futuro. É importante lembrar que nem o alvo da DART, o asteróide Didymos, nem qualquer outro dos 1.1 milhão de asteróides conhecidos, tem colisão prevista com a Terra. Esta missão é apenas um teste, para ajudar a desenvolver as tecnologias necessárias para estarmos prontos no dia em que for detectado que um asteróide vai colidir com a Terra.

Já abastecida com os propelentes para seus motores químico e elétrico, a nave está recebendo sua preparação final para ser acoplada ao foguete Falcon 9 da SpaceX que vai a levar ao espaço. A primeira tentativa de lançamento está marcada para as 22:20 (hora local) do dia 23 de novembro de 2021 (03:20 do dia 24 na hora de Brasília). O lançamento deve ser transmitido ao vivo pela NASA TV.

Veja mais detalhes sobre a missão DART em nosso artigo.

Novamente encontrada falha em cápsula Crew Dragon da SpaceX

Uma cápsula Crew Dragon se aproximando da Estação Espacial Internacional em 2019. Créditos: NASA

Muito foi divulgado sobre o primeiro vôo turístico da SpaceX com sua cápsula Crew Dragon, em setembro, que levou 4 passageiros à órbita da Terra por 3 dias, mas pouca atenção foi dada a uma falha encontrada ao examinar a cápsula após o vôo: uma mangueira se desconectou do sistema do sanitário e havia um vazamento, com urina se acumulando em um espaço embaixo do piso da cápsula. Aquele vôo terminou sem que qualquer dos passageiros tivesse percebido o problema, mas gerou a preocupação de problemas em vôos futuros. Para novos lançamentos, não é um grande problema, pois a SpaceX fez mudanças na instalação da mangueira, trocando o uso de cola por solda nas cápsulas futuras, como a que foi lançada essa semana para a Estação Espacial Internacional (ISS). A possibilidade mais séria de defeito está na cápsula lançada em abril, que esteve desde então acoplada à ISS, esperando o vôo de volta para a Terra, trazendo parte da tripulação de volta, o que ocorreu esta semana. A NASA pediu aos astronautas na ISS para fazer uma inspeção embaixo do piso com um boroscópio e eles viram um acúmulo de líquido, que deve ter vazado na viagem daquela cápsula à ISS em abril. Além dos problemas mais óbvios de um vazamento, havia a preocupação com a possibilidade de corrosão da estrutura de alumínio da cápsula, pela mistura de urina com oxona (adicionada pelo sanitário para eliminar a amônia). A SpaceX tem feito testes deixando amostras do alumínio que usam imersas em uma mistura de urina e oxona, em condições semelhantes às do espaço e concluiu que a estrutura deve resistir à corrosão.

A NASA aprovou o retorno dos astronautas nesta cápsula afetada, mas com uma ressalva: eles não poderão usar o sanitário. Se precisarem, terão que recorrer à opção de backup: as roupas interiores especiais. Sim, fraldas de adulto. Elas normalmente são usadas por astronautas quando estes não têm a possibilidade de ir ao sanitário, como em lançamentos, pousos e caminhadas espaciais. Mas nesta viagem de volta à Terra, que pode levar muitas horas (por volta de 10h nesse caso) têm apenas esta opção.

Aprovada a missão COSI

Foi anunciada a escolha da próxima das Small Astrophysics Explorer Missions (SMEX), o Compton Spectrometer and Imager (COSI), dentre as 19 propostas que competiram. O Programa Explorer, que vem desde o primeiro satélite americano, o Explorer I, já lançou 90 missões científicas operando satélites em órbita da Terra e as observações de um deles, o COBE, levaram ao prêmio Nobel de Física de 2006. O COSI será um telescópio espacial para observar raios-gama, que não podem ser observados de Terra, porque são absorvidos pela atmosfera. As suas observações dos raios-gama vindos do decaimento de elementos radioativos produzidos pelas explosões de estrelas de grande massa serão usadas para melhor entender a vida destas estrelas e a origem dos elementos pesados na nossa galáxia. O COSI será baseado em protótipos que já foram usados em balões de grande altitude e será baseado na Universidade da Califórnia, Berkeley (UC Berkeley), com operações no Goddard Space Flight Center, da NASA (GSFC), em Maryland. O orçamento para a missão, $146 milhões, não inclui o lançamento, que será definido no futuro pela NASA.

Instrumentos do Hubble em modo de segurança

O Telescópio Espacial Hubble, visto do ônibus espacial Atlantis, em 2009. Créditos: NASA

O Telescópio Espacial Hubble (HST), o mais importante observatório da Astronomia mundial, está com a maior parte de suas observações interrompidas, depois que todos os seus instrumentos entraram em modo de segurança no dia 25 de outubro. A equipe do Space Telescope Science Institute (STScI, em Baltimore, Maryland), que opera o telescópio para a NASA, tem trabalhado para entender e resolver o problema. Eles determinaram que os instrumentos não receberam as mensagens de sincronização que esperavam receber do computador que os comanda e por isso decidiram automaticamente entrar em modo de segurança. Isso significa que eles interrompem as operações normais e apenas seus sistemas críticos ficam funcionando, para minimizar o risco aos instrumentos enquanto permitem que os engenheiros trabalhem para resolver a anomalia. Após determinar que os sistemas do telescópio estão bem, a equipe está trabalhando em mudanças no software de cada instrumento, para que eles saibam lidar com mensagens que não chegam. Estas foram testadas em simuladores (cópias dos computadores dos instrumentos, conectadas a um computador que simula o telescópio).

No dia 1 de novembro, foi religada parte do instrumento NICMOS (Near Infrared Camera and Multi Object Spectrograph), para servir de teste. O NICMOS foi escolhido porque devido ao seu histórico de problemas de refrigeração ele estava desligado desde 2010, portanto pode ser usado para monitorar a situação sem arriscar os outros instrumentos. Desde que foi religado, não ocorreram mais mensagens perdidas, então a equipe religou o instrumento ACS (Advanced Camera for Surveys), por ser considerado mais fácil de lidar em eventuais problemas com ele. A causa da falha no envio das mensagens de sincronização ainda está sendo estudada, assim como formas de evitar que ocorra novamente. Quando se souber mais sobre a situação, deve ser tomada a decisão sobre como e quando retomar a operação dos outros instrumentos.

O Hubble está em operação desde 1990 e recebeu uma visita de manutenção pela última vez em 2009. Atualmente, com a aposentadoria dos ônibus espaciais em 2011, não é mais possível mandar astronautas para fazer sua manutenção.

Saiba mais em

Chegada da DART a Vandenberg: https://www.nasa.gov/feature/nasa-s-dart-prepares-for-launch-in-first-planetary-defense-test-mission

Mais detalhes sobre as falhas no sanitário das Crew Dragon: https://spaceflightnow.com/2021/10/25/nasa-clears-next-spacex-crew-mission-for-launch-pending-review-of-toilet-system/

Anúncio da seleção da COSI: https://www.nasa.gov/press-release/nasa-selects-gamma-ray-telescope-to-chart-milky-way-evolution

Atualização do status do Hubble: https://www.nasa.gov/feature/goddard/2021/hubble-instruments-remain-in-safe-mode-nasa-team-investigating

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