Essa semana em ar e espaço: lançado o JWST!

Lançamento do JWST, a bordo de um foguete Ariane 5, do Centro Espacial Guiana. Créditos: NASA

Após 25 anos de trabalho para desenhar, construir e testar toda a tecnologia necessária, finalmente foi lançado o telescópio espacial JWST da NASA, em parceria com a Agência Espacial Européia (ESA) e a Agência Espacial Canadense (CSA). Ele foi lançado na manhã do dia 25 de dezembro de 2021, a bordo de um foguete Ariane 5, da empresa Arianespace, a partir do Centro Espacial Guiana, em Kourou, Guiana Francesa. O lançamento ocorreu na primeira tentativa e foi completamente bem sucedido.

O JWST foi a maior carga já carregada por um Ariane 5 e exigiu modificações no sistema de abertura de sua coifa (fairing) para garantir a segurança do telescópio, pois havia apenas 10 cm de espaço entre o telescópio e o interior da coifa. Após o fim da propulsão do foguete e a separação do telescópio, o vídeo feito pela câmera no segundo estágio do foguete Ariane 5 conseguiu capturar o JWST se afastando e o momento mais crítico após o lançamento, a abertura de seus painéis solares – até este momento, ele estava operando apenas com baterias:

Veja mais sobre a história do JWST em nosso artigo sobre o observatório:

Atualização: Veja como foi o processo de alinhamento dos segmentos do espelho em

Em sua trajetória, o JWST foi fotografado pelo observatório astronômico ROCG, em Campos dos Goytacazes (RJ), um telescópio usado para detecção de asteróides, de forma automatizada:

JWST capturado pelo observatório remoto ROCG em Campos dos Goytacazes (RJ). Créditos: Marcelo de Cicco / ROCG

Quais serão os próximos passos? Quando o JWST vai começar a fazer observações?

No momento em que escrevemos (26 de dezembro), o telescópio está no começo de sua longa viagem até seu destino, uma órbita em torno do ponto Lagrangeano L2 do sistema Sol-Terra – um ponto a 1.5 milhão de km da Terra, na direção oposta à do Sol, onde o telescópio pode ficar em uma órbita estável que mantém o Sol, a Terra e a Lua sempre do mesmo lado do céu. Além da longa viagem de um mês, o JWST tem que passar por uma complexa seqüência de desdobramento para atingir sua configuração final. Após a abertura dos painéis solares, ele realizou a primeira manobra de correção de trajetória. Essas manobras já eram planejadas, não são correção de problemas. Esse lançamento foi planejado com o foguete propositalmente dando uma velocidade um pouco menor que a necessária ao telescópio, deixando para ele completar o que falta usando seus motores, que são muito mais fracos e portanto mais precisos, que os do foguete. O motivo é que o JWST tem que manter sempre o mesmo lado virado para a direção do Sol (o lado do escudo térmico) e por isso, ao contrário da maior parte das sondas, ele não pode se virar para apontar os motores em qualquer direção. Então, se o foguete tivesse dado a ele uma velocidade ligeiramente maior que a certa, ele não teria como se virar para desacelerar.

Esta animação mostra toda a complexa seqüência de ações que precisam ocorrer para o telescópio atingir sua configuração de operação:

Você pode acompanhar seu caminho e os passos de sua preparação em um site que mostra a situação atual do telescópio:

https://www.jwst.nasa.gov/content/webbLaunch/whereIsWebb.html

Após chegar à sua órbita final e estar completamente aberto, o que deve levar cerca de um mês, o próximo passo crítico será lentamente resfriar o telescópio até sua temperatura de operação. Além dos instrumentos, que são os componentes mais frios, toda a óptica (os espelhos, principalmente) tem que esfriar. O espelho e 3 dos 4 instrumentos esfriam passivamente (pela sombra do escudo térmico e radiadores), até 37 K (-236 °C), enquanto o outro, que opera no infravermelho mais distante, usa resfriamento ativo, para chegar a 7 K (-266 °C). O resfriamento ativo é feito com um criorefrigerador extremamente avançado, para ser capaz de alcançar temperaturas tão baixas, operar no espaço sem manutenção e ter vibração extremamente baixa, para não afetar as observações.

Depois vem o processo de verificação de todos os sistemas, incluindo a óptica e os instrumentos, seu alinhamento e calibração, o que deve levar cerca de seis meses. Portanto, é esperado que o telescópio comece a operar na segunda metade de 2022.

Saiba mais em

Vídeo completo do lançamento

Breve histórico da missão

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