Revolucionando a indústria: Firefly

Muito se fala da SpaceX e da Blue Origin, mas há muitas outras empresas privadas criando seus próprios foguetes. Algumas delas, usando o que de fato são inovações na área. Este artigo é um de uma série sobre elas.

Primeiro lançamento do FIrefly Alpha

A Firefly tem uma historia conturbada. Ela foi fundada em 2014 como Firefly Space Systems, por Tom Markusic, P.J. King e Michael Blum, em Hawthorne, na Califórnia (o mesmo pequeno subúrbio de Los Angeles onde fica a sede da SpaceX). Tom Markusic conhecia bem o mercado de lançadores privados, pois já tinha sido um engenheiro de propulsão na SpaceX, na Virgin Galactic e na Blue Origin. Ainda em 2014, a empresa mudou-se para o Texas e em 2015 ela começou a testar seus motores Reaver. Já no seu primeiro ano de existência, a Firefly foi processada pela Virgin Galactic, que alegou que Markusic tinha usado informações confidenciais que obteve quando estava na Virgin, e destruído provas de que tinha trazido os dados. O processo afastou investidores e em 2016, a empresa encerrou suas operações e faliu. Os bens da empresa foram vendidos e usados para criar uma nova empresa a Firefly Aerospace, em 2017.

O grande diferencial do Firefly Alpha comparado a foguetes tradicionais, assim como é o caso do Electron da Rocket Lab, é ter estrutura feita de materiais compósitos de carbono, que são mais leves que o equivalente em metais (alumínio e aço, principalmente). O processo de fabricação dos elementos compósitos ainda é feito de forma tradicional, com muito trabalho manual para colar cada pedaço de tecido no lugar certo, mas a Firefly planeja adquirir o caro e complexo equipamento para fazer a montagem roboticamente, como a Rocket Lab faz. Partes dos motores são produzidos por impressão 3D, o que diminui o número de componentes e a quantidade de trabalho manual necessário e, consequentemente, o tempo para produzir um motor e seu custo. Inicialmente, a empresa havia estudado não usar tubeiras (nozzles), como todos os foguetes já feitos até hoje, mas usar aerospikes – uma alternativa mais eficiente, mas que nunca foi usada com sucesso em um motor operacional, principalmente por tornar muito difícil a refrigeração. Com a reconstituição, a empresa decidiu abandonar o uso de aerospikes, pela incerteza sobre se funcionariam, e por os novos investidores, da Ucrânia, terem experiência com turbobombas que diminuíram a necessidade de aerospikes, mudando o desenho para as tradicionais tubeiras.

A Firefly assinou contratos para realizar lançamentos da base da Força Espacial Vandenberg na Califórnia e também de Cabo Canaveral, na Flórida e em 2021, chegou ao seu primeiro foguete pronto para vôo orbital, o qual explodiu no lançamento, graças a um motor Reaver falho. Sim, fãs de ficção científica, um Reaver destruiu a Firefly.

Perder o foguete na primeira tentativa não é estranho – é o resultado mais comum. E a Firefly continua trabalhando no Alpha. Pela telemetria do primeiro vôo foi constatado que um dos motores do primeiro estágio falhou, deixando-o com propulsão assimétrica. O sistema de controle foi capaz de manter o foguete na trajetória correta, mas ao passar para velocidade supersônica, ele não foi capaz de manter a orientação correta e com isso as forças aerodinâmicas quebraram a coifa. Nesse momento, o oficial de segurança decidiu terminar o vôo (o termo oficial para “acionar a autodestruição”).

Mas esse primeiro vôo foi bastante útil à Firefly, que verificou que muitos sistemas complexos funcionaram bem e já descobriu a causa da falha, usando dados de telemetria e analisando os motores “pescados” do oceano depois da queda: uma conexão elétrica falhou, deixando uma das válvulas de um motor sem energia. Isso é mostrado neste vídeo que acabou de ser publicado, com um longo tour da fábrica, e o diretor executivo falando em detalhes do desenho e funcionamento do Alpha:

O objetivo do Firefly Alpha é carregar até uma tonelada de carga para órbita baixa, ou 600 kg para órbita síncrona solar, a um custo de $15M por lançamento. O foguete de dois estágios usa motores Reaver de propelente RP-1/LOX (Rocket Propellant 1, uma forma refinada do Jet A, que por sua vez é uma forma refinada de querosene, com oxigênio líquido como oxidante). O segundo estágio usa o motor Lightning 1, também de RP1/LOX. O foguete tem 29 m de altura e 54 t no lançamento. É, portanto, um veículo de tamanho médio. Mas a Firefly já tem planos para o Firefly Beta, o qual, inicialmente, seria implementado juntando-se três Firefly Alphas lado a lado, como no Falcon Heavy, desenho que depois mudou para um único estágio principal, com motores da Aerojet RocketDyne e por fim tornou-se simplesmente uma versão maior do Alpha, capaz de levar até 8 t para órbita baixa. A Firefly também tem planos de um veículo muito menor, parcialmente reutilizável, o Firefly Gama, com asas no segundo estágio e lançado de avião, com o segundo estágio pousando como um avião, de maneira semelhante ao que fazem a Spaceship Two da Virgin Galactic, e o LauncherOne da Virgin Orbit.

Saiba mais em

Site oficial: https://firefly.com/launch-alpha/

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