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Depois de 50 anos, estamos no primeiro voo do programa que nos levará de volta à Lua! Após os últimos reparos durante a contagem para o lançamento, o primeiro foguete SLS decolou levando a missão Artemis I para a Lua.
We are going.
— NASA (@NASA) November 16, 2022
For the first time, the @NASA_SLS rocket and @NASA_Orion fly together. #Artemis I begins a new chapter in human lunar exploration. pic.twitter.com/vmC64Qgft9
Os painéis solares do módulo de serviço abertos, garantindo energia para a missão
All four of Orion’s solar arrays have deployed. pic.twitter.com/4DtzRO3Bl3
— Orion Spacecraft (@NASA_Orion) November 16, 2022
Houve alguns problemas que tiveram que ser resolvidos para o lançamento: em T-3h17min, foi observado um vazamento intermitente de hidrogênio, se manisfestando com uma concentração de até 1.5% no ar externo, que depois diminuiu para 0.2%. O limite de segurança era 1%. Então foi mandada uma equipe (a “equipe vermelha”, qualificada a se aproximar do foguete enquanto tem combustível) para ajustar o torque nos parafusos em uma válvula de controle do reabastecimento do estágio principal, localizada na plataforma de lançamento. A equipe, de 2 técnicos e um oficial de segurança (para monitorar a situação) resolveu o problema e o reabastecimento pode continuar. Então foi encontrado um problema com uma conexão à internet da 45th Space Wing da Força Espacial, responsável pelo RADAR que observa a região de exclusão (para detectar se alguma aeronave invade a zona de exclusão de voo) e pelo sistema de terminação (“autodestruição”). Os reparos levaram a cerca de 45 minutos de atraso, mas após concluídos, a contagem foi continuada, e o lançamento ocorreu perfeitamente.
A Orion, acoplada ao módulo de serviço e ao segundo estágio (ICPS), ficou segura em órbita baixa após a manobra de circularização (Perigee Raise Maneuver), em T+47m, para garantir que sua órbita não intercepta a Terra. Após mais testes e verificações em órbita, o ICPS foi usado em uma longa queima para se colocar na trajetória para a Lua (TLI – Trans-Lunar Injection), antes de se separar do módulo de serviço. O ICPS está em uma trajetória em que, após passar perto da Lua, vai ser colocado em uma órbita heliocêntrica (orbitar o Sol, não mais a Terra). E a Orion, com o seu módulo de serviço, está seguindo para a Lua, como planejado. Após se colocar na órbita distante retrógrada da Lua, a Orion vai passar uma semana lá, para depois voltar à Terra ao final de 26 dias de missão.
E já é possível ver a Terra filmada pela cápsula Orion!
O que vem agora?
Até o dia 6 da missão (22 de novembro), a Orion vai estar viajando até seu encontro com a Lua, quando vai usar a gravidade da Lua e o motor do módulo de serviço para se colocar em uma trajetória levando até sua órbita distante retrógrada (DRO) em torno da Lua, onde ela vai chegar no dia 10 da missão e passar 6 dias. Então, no dia 16 vai usar o motor do módulo de serviço para sair da DRO, se dirigindo para uma nova passagem próxima à Lua, para usar novamente a gravidade da Lua e uma queima do motor do módulo de serviço para se colocar na trajetória de retorno à Terra. Ela vai chegar à Terra no dia 26 da missão (11 de dezembro), quando vai ocorrer o teste que é o principal objetivo da missão: a reentrada na atmosfera da Terra, vindo em velocidade translunar (11 km/s), que é o teste para o escudo térmico e a trajetória de reentrada na atmosfera (que inclui “quicar” uma vez, para reduzir a velocidade mais gradualmente). A cápsula Orion e seu escudo térmico foram testados em 2014, mas como foi apenas uma órbita não tão alta (por ser o máximo possível com o maior foguete disponível na época, um Delta IV Heavy), a velocidade de reentrada foi mais baixa, só 8.9 km/s. Após a reentrada, a cápsula vai descer de pára-quedas até pousar no oceano, perto de San Diego, onde vai ser “pescada” por um navio da Marinha.
Quem está dentro da Orion?
Apesar de ser uma missão não tripulada, a Artemis conta com 6 passageiros:
- Indicadores de gravidade zero: Astronauta Snoopy (NASA) e Astronauta Shaun Carneiro (ESA). Tradicionalmente, se usa objetos macios soltos na cabine para se observar visualmente quando a nave está em gravidade zero. Para essa missão, a NASA escolheu um astronauta com décadas de experiência, desde o projeto Apollo, o Snoopy. Não só o boneco faz parte da história: o módulo lunar da Apollo 10 tinha o nome oficial de Snoopy, enquanto o módulo de comando e serviço era chamado Charlie Brown. Já a ESA enviou o britânico Shaun Carneiro.
- Moonikin Campos: O manequim com sensores usado para testar a roupa (Orion Crew Survival System – OCSS), que será usada por astronautas para os proteger durante as fases mais arriscadas, sendo capaz de prover ar e manter a pressurização, controlar a temperatura e fornecer fluidos para consumo, podendo manter um astronauta por até 6 dias caso haja perda de pressão na cabine. O nome do manequim é uma homenagem a Arturo Campos, um engenheiro de sistemas elétricos que trabalhou em encontrar como salvar os astronautas na missão Apollo 13.
- Helga e Zohar: manequins mais simples (apenas torso e cabeça), para um experimento de teste de uma nova roupa de proteção contra radiação, a AstroRad. Um manequim está sem a AstroRad, o outro está a usando, o que permitirá medir a diferença, para saber qual foi o nível de proteção dado pela roupa.
- Callisto: esta sem corpo, é uma prima da Alexa do Amazon. É um sistema desenvolvido pela Lockheed Martin, Amazon e Cisco, para ser um assistente virtual para a tripulação. Além disso, há integração com um sistema WebEx de teleconferência da Cisco.
Saiba mais em
Nosso artigo sobre a Artemis I
Nosso artigo sobre os atrasos no lançamento
Nosso artigo sobre o programa Artemis
Nosso artigo sobre o foguete SLS